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A mostrar mensagens de junho, 2008
Domingo 20 de novembro de 1994 mais! Folha de São Paulo 6-4 Letras e Luzes de Voltaire Amanhã faz 300 anos que o filósofo, dramaturgo, poeta e romancista François Marie Arouet nasceu em Paris RICARDO MUSSE Especial para a Folha À luz da situação atual da divisão intelectual do trabalho, a obra de Voltaire, em seu conjunto, soa anacrônica, confusa e até mesmo incompreensível. Admitimos o in­teresse por todos os assuntos da cultura humana em gênios de uma outra época, como Da Vinci. Mas por que Voltaire, cujas opiniões são tão próximas às nossas e tão de acordo com a realidade do mundo industrial, não se concentrou em especialidades determinadas? Essa questão nem sempre é pos­ta assim tão brutalmente. Aliás, na maioria das vezes, sequer é expli­citada. Mas, nem por isso deixa de ser tematizada. Para uns, a trajetó­ria de Voltaire resulta de um equívoco. Ele quis, inicialmente, ser o sucessor de Racine- logo, um continuador do classicismo poéti­co- visando, num arrivismo típi­
A guerra sem fim da razão A batalha de Voltaire pelos direitos humanos permanece inacabada no Brasil e no mundo SÉRGIO PAULO ROUANET Especial para a Folha Em que sentido podemos dizer que a batalha de Voltaire pelos di­reitos humanos ainda é indefini­damente atual", nas palavras de Valéry? Ela é atual, no Brasil e no mun­do, porque está inacabada. E atual porque apesar de progressos Im­portantíssimos. muitas das aberra­çôes que Voltaire combateu renasceram ou se agravaram. E o que podemos verificar em cada um dos direitos pelos quais Voltaire se ba­teu. É o caso do direito à razão, o valor mais alto da Ilustração e o mais decisivo para Voltaire, porque é a condição de possibilidade de todos os outros. O pensamento ainda está sujeito a restrições poli­ciais em grande parte da humani­dade. Nos países em que elas não existem, a "servidão voluntária'' induzida pelo conformismo e pela propaganda impede as pessoas de pensarem por si mesmas. Os fundamentalismos religiosos
FOLHA DE S. PAULO mais! - Domingo, 21 de maio de 1995 5- 15 OLHO CLÍNICO O interesse de Richard Rorty O livro "A Filosofia e o Espelho da Natureza” do pensador americano, é lançado no Brasil JURANDIR FREIRE COSTA Especial para a Folha A publicação de “A Filosofia e O Espelho da Natureza'' (ed. Relu­me Dumará) é um bom momento para a discussão da obra de Ri­chard Rorty. O sucesso de Rorty nos meios acadêmicos e a variedade de as­suntos que aborda, seguramente di­ficultam uma justa apreciação de seu trabalho. Porque faz sucesso, Rorty pode ser visto como mais um, teórico da moda; porque abraça lemas que vão de questões técnicas de filosofia analítica à guerra na Bósnia, tende a ser avaliado pelos especialistas das disciplinas que discute como um diletante que fala muito do que conhece pouco. Os mal-entendidos são inevitáveis. Fazem parte dos riscos assumidos por Rorty, na defesa de sua concepção da tarefa do filósofo. Penso que Rorty tornou-se um dos mais estimul
Especial A-4 segunda-feira; 3 de abril de 1995 jornal de resenhas FOLHA DE S. PAULO/Discurso Editorial/USP '~ Os fatos e as quimeras Franklin de Matos Ensaio Sobre os Elementos de Filosofia Jean Le Rond D'Alembert traduçâo: Beatriz Sidou Ed. da Unicamp, 184 págs. R$ 12,04 Certamente D'Alembert foi um dos maiores exemplos daquele ideal, próprio da Ilustração, de juntar, numa única figura, o sá­bio, o filósofo, o homem de le­tras (só me ocorre outro caso assim acabado, em dosagem dife­rente o de Goethe). Considerado um dos mais iminentes matemáticos do século 18, D'Alembert foi ainda autor de vários textos fundamentais para a compreensão das Luzes (o mais célebre é o "Discurso Preliminar da Enciclopédia", da qual ele foi um dos dire­tores). Alem disso, embora não se possa di­zer que sua prosa seja lépida ou vertiginosa como a de Voltaire, generosa e eloqüente como a de Rousseau, ou ág

Benjamin

Um outro Benjamin A obra Fisiognomia Metrópole Moderna Representação da História em Walter Benjamin. de WiIIi Bolle. Ilustrações de Lena Bergstein. Edusp JEANNE MARIE GAGNEBIN Especial para a Folha Alguns meses atrás, Marcelo Coelho se queixava, com toda ra­zão, nesta mesma Folha, de uma certa “inflação de estudos sobre Walter Benjamin''; pedia um pou­co mais de parcimônia na citação de sua obra", Ora, temos agora no importante trabalho de Willi Bolle, “Fisiognomia da Metrópole Mo­derna", mais um estudo sobre esse pensador judeu, alemão, marxista, teólogo e poeta que parece fasci­nar, justamente por sua pluralidade de rostos e de estilos, nosso fin-de-­siècle desorientado. Só que o tra­balho de Willi Bolle vai a contrapelo das apropriações apressadas e das citações complacentes; fará. sem dúvida, data na recepção de Benjamin no Brasil. Resultado de muitos anos de pesquisa -seu primeiro esboço se concretizou na tese de livre-docên­cia, “Tableaux Berlinois",
Domingo, 23 de abril de 1995 5- 11 Folha de São Paulo Hegel filosofa sobre a essência da caneta OLGÂRIA CHAIM FÉRES MATOS Especial para a Folha Em “Como o Senso Comum Compreende a Filosofia”, um es­crito de juventude, Hegel se pro­põe responder a seu contemporâneo Krug, representante emblemá­tico do senso comum filosófico". Propõe-se em termos, pois consi­dera seu contendor - que sucede Kant na Universidade de Konigs­berg -o próprio 'non sense' rea­lista. O interlocutor, à primeira vista, é inocente: manifesta perplexidade frente às filosofias do idealismo transcendental, em particular as de Schelling, Hegel e Fichte, dando a entender que o Criticismo não pas­sa de esquizofrenia da Razão) quan­do diferencia Eu empírico e Eu transcendental Eis o que inviabilizaria explicar as “simples coisas'', aquelas dadas, ou melhor, pré-dadas: ingênuo em seu naturalismo, Krug adere existência de seres e objetos, igno­ra a consciência que lhes confere existência e inteli