Cerca de 30% dos municípios não possuem infraestrutura básica para gestão ambiental, diz estudo que será apresentado nesta quarta, em reunião do CONAMA
O relatório GEO Brasil 2025: Estado e Perspectivas do Meio Ambiente será apresentado nesta quarta, durante reunião no CONAMA, que acontece no auditório do Ibama. A iniciativa conta com apoio técnico e financeiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), coordenação executiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e colaboração do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. O documento apresenta dados inéditos e análises científicas sobre os principais desafios e oportunidades para a agenda ambiental brasileira, oferecendo subsídios estratégicos para políticas públicas e negociações internacionais.
Entre os destaques, o relatório revela que os gastos com meio ambiente representaram apenas 0,26% do orçamento federal entre 2001 e 2022; cerca de 30% dos municípios não possuem infraestrutura básica para gestão ambiental; e biomas como Pantanal e Cerrado registraram aumento histórico de temperatura, chegando a 3 °C e 4 °C a mais respectivamente. Além disso, a poluição do ar causa cerca de 51 mil mortes prematuras por ano, e apenas 52,2% do esgoto é tratado - índice que cai para menos de 20% na região Norte.
O documento também aponta a expansão agropecuária sobre ecossistemas nativos, que elevou a área ocupada de 187,3 para 282,5 milhões de hectares entre 1985 e 2022, acompanhada pelo aumento de 108% na comercialização de agrotóxicos. Apesar da liderança brasileira em energia renovável, o setor de energia tornou-se mais carbono dependente, passando de 11,3% para 18,3% das emissões nacionais entre 2002 e 2023.
Baseado na metodologia DPSIR (Forças Motrizes, Pressões, Estado, Impacto e Respostas) do PNUMA, o GEO Brasil 2025 oferece um diagnóstico robusto das inter-relações entre sistemas sociais e ambientais, apontando desafios históricos e emergentes, bem como oportunidades para uma transição em direção a uma economia mais sustentável. A publicação visa fortalecer a governança, orientar políticas públicas e subsidiar negociações internacionais.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destaca que o lançamento do GEO BRASIL 2025 reflete o momento crítico da discussão ambiental: “O documento mostra os conflitos e as oportunidades de um mundo que caminha para enfrentar os desafios da transformação ecológica, e que precisa garantir um futuro de baixo carbono, resiliente e eficiente, baseado na natureza e no uso sustentável dos recursos naturais e dos serviços ecossistêmicos.”
Para o pesquisador da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), José Antônio Puppim, o GEO Brasil 2025 é mais do que um diagnóstico ambiental; é um chamado à ação:
“O documento mostra, com base científica, onde estamos e quais caminhos precisamos seguir para integrar desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Essa visão é essencial para que o Brasil cumpra suas metas climáticas e aproveite seu enorme potencial de liderar a transição para uma economia mais sustentável”, destacou o pesquisador, que também coordena o centro de estudos FGV Earth.
“O GEO-Brasil 2025 mostra que a combinação entre mudanças climáticas e desmatamento já está agravando a insegurança hídrica em diversas regiões do país. A demanda por água, por exemplo, deve saltar de 188,7 m³/s em 1970 para 1.553,5 m³/s em 2040 - um aumento de oito vezes. São dados como esses – e vários outros – que revelam a importância deste relatório para o Brasil e ressaltam a urgência de fortalecer a gestão integrada dos nossos recursos naturais”, ressalta Beatriz Martins Carneiro, representante interina do PNUMA no Brasil.
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