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V EBEM - Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo

V EBEM - Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo "Marxismo, Educação e Emancipação Humana" 11, 12, 13 e 14 de abril de 2011 Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis - Brasil O EBEM é um encontro de âmbito nacional que tem por objetivo possibilitar a discussão entre investigadores, professores, estudantes, militantes dos movimentos sociais e os diversos núcleos de pesquisa que abordam o tema da educação na perspectiva teórico-metodológica do materialismo histórico. Envio de resumos para apresentação de trabalhos: até 25 de novembro de 2010 Para mais informações, acesse: http://www.5ebem.ufsc.br/ Programação Segunda-feira - 11 de Abril de 2011 17h - Credenciamento 19h - Conferência de Abertura Terça-feira - 12 de Abril de 2011 8h - Mesa Temática 1 ESTADO E EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CLASSE TRABALHADORA .Beatriz Rajland (UBA/AR) .Roberto Leher - UFRJ .Fernando Ponte de Souza - UFSC 12h30 - Almoço 14h - Apresentação de trabal

Caótica Parafernália

Gilberto da Silva Há muito tempo eu venho escrevendo sob tensão, raiva e medo. Tensão, raiva e medo. As vezes só com tensão (outras só com tesão), ou com raiva ou com medo. Há muito tempo escrevo com ódio e mais nada, nada. Nada como o vazio do próprio ser. O que me faz a raiva? O que me traz o medo? Por que a tensão? Tensão e raiva e medo. Ódio? Que ódio, que medo? Nervos, raiva e ódio... Viver morrendo, morrer vivendo: simples trocas... Cheguei ao caos – caótico -, anti, ANTI: o animal radical, radical? (e se for sufixo?) Antifilosofia, ou antesfilosofia? Antiherói (o que morreu morreu ficou prá trás), anticristo, antidiabo, antisatanás, antimal. Antigamente.... Há muito tempo escrevo sob tensão, raiva e medo. Raiva, medo e ódio. LACÔNICO – não de lacunas, mas breve, curto, conciso. Duro, animal emergido do nada. Duro como pedra, como aço – metal, metálico. Vi mundo caírem aos meus pés, ao meu redor. Psicodélico vi obhetos voadores não identificados, ufos, UFA!, antidr

eleições

O bom da eleição é que nossas máscaras caem, nossas idiosincrasias ficam mais evidentes e nela nos revelamos. Em alguns o autoritarismo aflora, em outros a subserviência voluntária ou não se evidencia. Nós nos revelamos mais machistas, racista, intolerante, mais preconceituosos, às vezes até mais obtusos e superiores! Desqualificamos o adversário, marginalizamos o outro e desprezamos a ética. Mas existe caso – poucos – que nasce o amor, onde havia ódio, prazer – onde havia desprazer e assim “são franciscamente” atingimos o centro da felicidade. O bom das eleições é essa diversidade de opiniões- e ainda bem que temos eleições, não é? O bom das eleições é que alguns são capazes de discernir no embate político o caráter de seus atores: guerrilheiros, pistoleiros, sanguessugas, revolucionários, conservadores, reacionários, enganadores, ambientalistas, desmatadores, matadores, palhaços, idiotas, socialistas, capitalistas e por ai afora.... Como é bom ter eleições! Assim, despertamos nos

Um outro Benjamin

FOLHA DE S. PAULO Domingo, 3 de julho de 1994 6-11 Um outro Benjamin A obra Fisiognomia Metrópole Moderna Representação da História em Walter Benjamin. de WiIIi Bolle.Ilustrações de Lena Bergstein. Edusp JEANNE MARIE GAGNEBIN Especial para a Folha Alguns meses atrás, Marcelo Coelho se queixava, com toda ra¬zão, nesta mesma Folha, de uma certa “inflação de estudos sobre Walter Benjamin''; pedia um pou¬co mais de parcimônia na citação de sua obra", Ora, temos agora no importante trabalho de Willi Bolle, “Fisiognomia da Metrópole Mo¬derna", mais um estudo sobre esse pensador judeu, alemão, marxista, teólogo e poeta que parece fasci¬nar, justamente por sua pluralidade de rostos e de estilos, nosso fin-de-¬siècle desorientado. Só que o tra¬balho de Willi Bolle vai a contrapelo das apropriações apressadas e das citações complacentes; fará. sem dúvida, data na recepção de Benjamin no Brasil. Resultado de muitos anos de pesquisa -seu primeiro esboço se concreti

ilustrada Domingo 8 de maio de I994 6-13 OLHO CLÍNICO Rorty e a psicanálise JURANDIR FREIRE COSTA Especial para a Folha Richard Rorty é um dos mais notáveis pensadores da atualidade. A leitura neopragmática que faz da filosofia da linguagem, da filosofia da mente, da teoria do conheci¬mento, da filosofia moral etc., é ousada, nova e admiravelmente in¬ventiva. Por isso, abre um horizonte intelectual que vai muito além das disciplinas investigadas. Exemplo típico é o caso da psi¬canálise. Rorty nunca tomou explicitamente a psicanálise como obje¬to de estudo. Entretanto, alguns dos seus trabalhos (por exemplo "Contingence lrony and Solida¬rity", "Freud and Moral Reflexion", "Non-reductive Physica¬lism" etc.) renovam, de modo iné¬dito e surpreendente, noções psica¬nalíticas como a do sujeito na relação com a linguagem e a ver¬dade. Para Rorty, o que denominamos sujeito não é um dado pré- existente aos elementos linguísticos constitutivos de sua descrição. O “su¬jeito”, o “eu'' ou “self” são um efeito de linguagem. Mas linguagem, aqui, não eqüivale à competência abstrata para produzir falas particulares como em Chomsky, ou à estrutura formal de todas as falas possíveis, como em Saussure. Na tradição pragmática de Wittgenstein, Austin, Quine e David¬son, linguagem é simplesmente o conjunto de atos de fala empregados pelos usuários competentes de uma língua. O que distingue o sujeito enquanto rede linguística de outros efeitos de linguagem, sem referência a estados ou processos subjetivos, é o fato de ser pensado como "a parte da rede de crenças e desejos postulada como causa interior do comportamento lingüístico de um organismo singular''. Em outros termos, o eu é a fração linguagem entendida como aquilo que é causa ou que está na origem da linguagem. As consequências desta afirmação são inúmeras. Em primeiro lu¬gar, o sujeito é despojado de todo suporte ''essencial'', idealista ou realista. Nem corpo, nem conceito, em sensível nem inteligível, nem superficial, nem profundo, o sujeito é uma realidade linguística -realidade psíquica, disse Freud. E por ser lingüística depende de contextos históricamente contigentes. Assim sendo, nenhuma identi¬dade subjetiva- emocional, inte¬lectual, sexual, etc- é “natural” ou ''universal”. Nossas crenças sobre o que é normal ou anormal, natural e antinatural nas condutas humanas não designam uma “realidade extra-linguística” anterior ou heterogênea à linguagem; exibem opções e preferências morais da cultura a que pertencemos. Em segundo lugar, o sujeito descrito desta forma não possue centro ou núcleo verdadeiro, nem estrutural nem histórico. Flexionando pragmaticamente a teoria semântica da verdade de Quine e Davidson, Rorty afirma que "verdadeiro é aquilo que é aprovado num sistema de crenças válido para a maioria dos fatos na maioria dos casos". Dito de outra maneira, verdadeira é a descrição do sujeito que satisfaça as exigên¬cias morais do certo e do errado, do bom e do mau, numa dada forma de vida. No neopragmatismo, portanto, o fundamental, em Freud, não é a descoberta de explicações causais deterministas e supostamente cien¬tíficas do que sentimos, pensamos e fazemos: é a construção da ima¬gem do sujeito como um retecer permanente de crenças e desejos que cessa, provisoriamente quan¬do um dado estado de satisfação moral é obtido. Na clínica como na vida podemos desejar alterar estados subjeti¬vos por diversos motivos. Porém. quando alcançamos a alteração de¬sejada, e ela é satisfatória, “nada mais é preciso, nada mais é possível'', como disse Davidson. O critério da satisfação moral é, deste modo, decisivo no julgamento que fazemos sobre a “normalidade” ou “'anormalidade” das organizações psíquicas bem como sobre o sucesso ou insucesso do processo psicanalítico. Qualquer outro critério pretensamente um dado em argumentos racionais in¬dependentes de práticas culturais específicas pressupõe, sem tornar claro, o acordo em torno de crenças éticas compartilhadas na lini¬guagem ordinária. E o adeus pro¬saico, wittgensteiniano, dado por Rorty à metafísica da falta, do desejo ou do verdadeiro sujeito, contida em tantas versões da psicanálise. A meu ver, sua interpretação neopragmática do sujeito restitui a força original do pensamento freudiano. Ou seja, primeiro a escuta solidária das existencias individuais em conflito com os vocabulários morais dominantes; depois as metapsicologias. Estas serão sempre bem vindas, desde que não pretendam aposentar precocemente vidas e desejos em ''pequenas nosologias” e “pe¬quenas teorias". Fazendo filosofia, Rorty fez o que de melhor po¬de ser feito em psicanálise: enten¬der Freud. É um autor de gênio, comprometido com o humanamente digno. Pode haver maior elogio? JURANDIR FREIRE COSTA é psicanalista.

ilustrada Domingo 8 de maio de I994 6-13 OLHO CLÍNICO Rorty e a psicanálise JURANDIR FREIRE COSTA Especial para a Folha Richard Rorty é um dos mais notáveis pensadores da atualidade. A leitura neopragmática que faz da filosofia da linguagem, da filosofia da mente, da teoria do conhecimento, da filosofia moral etc., é ousada, nova e admiravelmente inventiva. Por isso, abre um horizonte intelectual que vai muito além das disciplinas investigadas. Exemplo típico é o caso da psicanálise. Rorty nunca tomou explicitamente a psicanálise como obje¬to de estudo. Entretanto, alguns dos seus trabalhos (por exemplo "Contingence lrony and Solida¬rity", "Freud and Moral Reflexion", "Non-reductive Physicalism" etc.) renovam, de modo inédito e surpreendente, noções psicanalíticas como a do sujeito na relação com a linguagem e a verdade. Para Rorty, o que denominamos sujeito não é um dado pré- existente aos elementos linguísticos constitutivos de sua descrição. O “

Ensaio Sobre os Elementos de Filosofia

Especial A-4 segunda-feira; 3 de abril de 1995 jornal de resenhas FOLHA DE S. PAULO/Discurso Editorial/USP '~ Os fatos e as quimeras Franklin de Matos Ensaio Sobre os Elementos de Filosofia Jean Le Rond D'Alembert traduçâo: Beatriz Sidou Ed. da Unicamp, 184 págs. R$ 12,04 Certamente D'Alembert foi um dos maiores exemplos daquele ideal, próprio da Ilustração, de juntar, numa única figura, o sá¬bio, o filósofo, o homem de le¬tras (só me ocorre outro caso assim acabado, em dosagem dife¬rente o de Goethe). Considerado um dos mais iminentes matemáticos do século 18, D'Alembert foi ainda autor de vários textos fundamentais para a compreensão das Luzes (o mais célebre é o "Discurso Preliminar da Enciclopédia", da qual ele foi um dos dire¬tores). Alem disso, embora não se possa di¬zer que sua prosa seja lépida ou vertiginosa como a de Voltaire, generosa e eloqüente como a de Rousseau, ou ágil e cheia de ver¬ve como a de Diderot, os livros q

Hegel filosofa sobre a essência da caneta

Domingo, 23 de abril de 1995 5- 11 Folha de São Paulo Hegel filosofa sobre a essência da caneta OLGÂRIA CHAIM FÉRES MATOS Especial para a Folha Em “Como o Senso Comum Compreende a Filosofia”, um escrito de juventude, Hegel se propõe responder a seu contemporâneo Krug, representante emblemá¬tico do senso comum filosófico". Propõe-se em termos, pois considera seu contendor - que sucede Kant na Universidade de Konigs¬berg -o próprio 'non sense' realista. O interlocutor, à primeira vista, é inocente: manifesta perplexidade frente às filosofias do idealismo transcendental, em particular as de Schelling, Hegel e Fichte, dando a entender que o Criticismo não passa de esquizofrenia da Razão) quan¬do diferencia Eu empírico e Eu transcendental. Eis o que inviabilizaria explicar as “simples coisas'', aquelas dadas, ou melhor, pré-dadas: ingênuo em seu naturalismo, Krug adere existência de seres e objetos, igno¬ra a consciência que lhes confere existência e intel